Entrevista com Márcio Peter (II)
por Sara Elena Hassam (entrevista realizada no Primeiro Encontro Latinoamericano dos Estados Gerais da Psicanálise, módulo Medicina e Psicanálise, outubro/2001, São Paulo))



Sara Elena Hassan - Gostaria de lhe perguntar a sua impressão sobre a mesa sobre medicina e psicanálise, onde você apresentou um trabalho.

Márcio Peter de Souza Leite - Achei interessante. Primeiro que a mesa estava voltada na questão da relação psicofármacos-psicanálise, parece que é a questão atual a ser resolvida e a posição clínica que as pessoas tomaram, independente de especulações metafísicas sobre a relação mente-corpo. Parece que há um consenso de que são úteis, porém que o uso indiscriminado deles é indevido, que devem ser significados em um contexto de subjetivação que deles se faz enquanto droga.

Sara - Você concordaria que esse tema ainda é um pouco tabu entre os psicanalistas?
Márcio Peter - Eu acredito que não, de um tempo para cá, com a dominância da psiquiatría biológica os analistas tiveram que resolver isto. Uma prova disso é a fundação da Sociedade de Neuropsicanálise em Londres, com o intuito de resolver essa questão radicalmente identificando cérebro a mente. Outra mudança sobre isto é a colocação dos analistas lacanianos que tem uma visão particular de como a palavra se junta ao corpo pode ser uma grande diferença sobre os efeitos do psicofármaco.

Sara - É recente?
Márcio Peter - Foi fundada recentemente, em dezembro do ano passado. O presidente é Oliver Sacks. Eles articulam que a partir da Teoria de Edelman, Prêmio Nobel de Medicina, provas demostram histologicamente que o cérebro se conforma nos primeiros anos de vida, o que concordaria com a Teoria Freudiana da Dependência Maternofilial.

Na idéia de Glasbourg apenas se conformariam circuitos neuronais que repetem. É um fisicalismo radical. Desde essa perspectiva eles pretendem voltar ao fisicalismo unicismo, a um monismo absoluto, onde não há diferença entre cérebro e mente.

Sara - Obrigada.

 

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