Conferência com Oscar Cesarotto (2)

Módulo do curso "Além do Édipo: O último ensino de Lacan"

Oscar Cesarotto é psicanalista, doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, autor de vários livros e artigos, co-autor com Márcio Peter de Souza Leite tanto em publicações como em outras parcerias. Enfim, o percurso comum de Oscar Cesarotto e Márcio Peter se enlaçam com a história da psicanálise lacaniana, como escreve o psicanalista Geraldino A. Ferreira Neto: "Quase poderia dizer que a história da psicanálise lacaniana em São Paulo pode ser montada com base na produção, ora individual, ora comum, desses dois fecundos articuladores do pensar psicanalítico".


Conexão Lacaniana: Olá Oscar, é muito bom tê-lo conosco novamente.

Oscar Cesarotto: Olá, obrigado

Pergunta (RJ): Com relação à foraclusão que se coloca generalizada no segundo ensino de Lacan, esta é uma das razões para se falar em Além do édipo?

Oscar Cesarotto: Sim, o nome-do-pai não dá conta de tudo.

Pergunta (SP): Um psicanalista de orientação lacaniana, deve pautar sua clínica pelo último ensino de Lacan ou existem casos onde a aplicação do "primeiro ensino" seria mais adequada?
Oscar Cesarotto: A orientação lacaniana é um "para todos"? Será que vale a pena opor as duas clínicas? Apesar da orientação, que pode ser comum, cada analista é único, e o ato analítico, sempre original. O analista deve ser "flex".

Pergunta (RJ): Possivelmente não vale a pena opor as duas mas as propostas não se conflituam de certo modo, se pensarmos, por exemplo, no reconhecimento e na comunicação por um lado e na não relação sexual por exemplo, por outro? Eu consigo entender com uma certa precisão a questão do NP e sua formulação, mas quando a colocação da forclusão generalizada me atrapalho um pouco. Como trabalhar este limite na clínica?

Oscar Cesarotto: A forclusão generalizada decorre do limite do simbólico pelo real.

Pergunta (SP): 1- Em o aturdito, pág. 489 Lacan nos diz: "O analisante só termina quando faz do objeto a o representante da representação de seu analista. Portanto, é enquanto dura o seu luto pelo objeto a, ao qual ele enfim o reduziu, que o psicanalista continua a causar seu desejo-sobretudo maníaco depressivamente. Poderia comentar os pedaços sublinhados? 2 - Na mesma página, Lacan: Resta o estável do luto do por-se no plano do falo, isto é, da banda, onde o analista encontra seu fim, aquele que garante seu sujeito suposto saber.

Oscar Cesarotto: Talvez pensando freudianamente o objeto a, como inscrição psíquica.

Pergunta (SP): Recentemente, em Belo Horizonte, psicanalistas, psicólogos e assistentes sociais reuniram-se para tratar do problema de saúde mental relacionado ao alto índice de suicídio infantil e, por extensão, ao sofrimento dos familiares envolvidos. O resultado do encontro, entretanto, foi bastante insatisfatório no sentido de se identificarem e se proporem estratégias terapêuticas para uns e outros. Como a psicanálise pode colaborar, se este for o caso, efetivamente nesta questão?

Oscar Cesarotto: Existe algo pior do que o suicidio infantil? Poderia ser previsto, ou prevenido?

Pergunta (MG): se em um primeiro momento do ensino do Lacan teriamos a identificação primordial ao Pai morto fazendo a união do desejo com a lei (seminário 7, por exemplo) gostaria de saber como ocorre a identificação ao pai levando em consideração a questão o gozo, do furo e da per-versao neste último ensino.

Oscar Cesarotto: A versão do pai é sempre contingente, e nunca garantida.

Pergunta (SP): Questão representante da representação de seu analista. Poderia falar sobre como entende isso?

Oscar Cesarotto: O representante da representação resta como um traço sem referente.

Pergunta (MG): na primeira clínica teríamos o pai morto como aquele que une o desejo com a lei. Gostaria de pensar a identificação ao pai na segunda clínica levando em consideração o conceito de per-versão, gozo e furo... como ocorre a identificação, se o mito de totem e tabu passa a ser uma ficção?

Oscar Cesarotto: O real da morte é a impossibilidade do sujeito.

Conexão Lacaniana: é fundamental a intervenção de vcs, para que tenhamos uma multiplicidade subjetiva na apreensão dos temas. A segunda clínica é um working in progress

Pergunta (SP): 2) Lacan, na mesma pág.: "resta o estável do por-se no plano do falo, isto é, da banda, onde o analista encontra seu fim, aquele que garante seu sujeito suposto saber.
Oscar Cesarotto: A psicanálise contribui com a escuta do sofrimento, operando sobre o sentido.

Conexão Lacaniana: Bem, pessoal, já está chegando a hora de terminarmos o nosso bate-papo. Gostaríamos de agradecer ao Oscar Cesarotto a participação, que é sempre um prazer para nós, e também a presença de todos.

Oscar Cesarotto: Caros colegas: agradeço o convite, embora não tenha conseguido pensar e escrever ao mesmo tempo.

Conexão Lacaniana: Cesarotto, muito obrigada. É mesmo muito difícil responder tantas perguntas de uma vez, com poucas palavras e de conteúdo tão denso.

Núcleo Márcio Peter de Ensino - Conexão Lacaniana
Curso OnLine "Além do Édipo: O último ensino de Lacan"
Conferência 30/09/07 | Moderação: Ana Maria Ferraz | Assistência: Carla Audi

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