Conferência com Oscar Cesarotto

“Cultura e Repressão” (Recalque e Repressão a partir de Freud, Reich e Lacan, e os aparelhos ideológicos do Estado, ou Cultura)

Oscar Cesarotto é psicanalista, professor da PUC-SP, doutor em Comunicação e Semiótica, autor dos livros "Sedições" (2008), "No Olho do Outro: o Homem da Areia segundo Hoffmann, Freud e Gaiman" (2007), "O Verão de Lata" (2005), "Contra Natura: Ensaios sobre Psicanálise e Antropologia Surreal" (1999), todos pela Editora Iluminuras, entre outras publicações.


Conexão Lacaniana: É com prazer que o Núcleo Márcio Peter de Ensino recebe hoje o dr. Oscar Cesarotto para nossa conferência do mês. O dr. Cesarotto tem nos acompanhado no decorrer do nosso curso, ele está conosco desde o curso de número um (“Lacan, uma introdução”) e a sua presença é sempre muito querida e muito proveitosa. O tema da conferência de hoje  é “Cultura e Repressão”. Em nome do dr. Márcio Peter e da Conexão Lacaniana agradeço sua presença. Dr. Oscar vai falar por 45 minutos e depois de sua fala vamos abrir para questões. Pedimos que vocês passem alguns minutinhos colocando as questões e então ouviremos as respostas e depois teremos  mais uma série de questões para as pessoas que não tenham podido fazer suas perguntas. Ok? Dr. Cesarotto, com o Senhor está a palavra.

Oscar Cesarotto: Boa tarde, vocês estão me escutando bem? Agradeço o convite, estou muito contente de poder estar participando da Conexão Lacaniana, é uma maneira de continuar colaborando com o Márcio, que é nossa parceria desde sempre e agora online. Eu não estou muito acostumado a estes recursos, e da última vez não deu muito certo, eu acho que dessa vez sim, e vou tentar falar devagar.

É engraçado estar falando, olhando para a tela, e eu estou também na tela. Bom, olhando para um outro lugar, o ponto de fuga do meu olhar, dos meus dois olhares é bem distante. Como eu sei que basicamente deveria aproveitar este espaço para falar de algo interessante, algo que poderia de alguma maneira complementar aos cursos do Márcio, e justamente porque o Lacan está nas mãos do Márcio, especialmente o Último Lacan, eu então pensei que numa bela tarde de domingo o melhor seria pegar Freud e enfim, mais do que o último Freud, pensar no Freud trans-histórico, ou fazer alguns comentários sobre algumas coisas que andei lendo e pensando ultimamente e que de alguma maneira continuam sempre.  

Estava dizendo que o que vou comentar hoje, é exatamente uma proposta de uma leitura de alguns textos de Freud, que configura o eterno retorno, o eterno retorno a Freud, que é uma peregrinação que nós lacanianos fazemos e estamos acostumamos fazer, todos deveriam fazer, e nessas buscas históricas é interessante porque, de vez em quando, se retorna a Freud, haverá que retornar a Lacan, e qualquer dia, também haverá o retorno a Miller, ainda estamos um pouco longe disso, então voltemos a retornar a Freud.

A idéia é um pouco essa: existem algumas coisas importante escritas por Freud que foram publicadas depois de sua morte, mas nem tudo faz parte das "Obras Completas". As "Obras completas de Freud", em qualquer língua, são incompletas por definição, na medida em que, algumas coisas em Freud fantásticas e algumas outras ainda por vir. Então, vou pontuar alguns textos e sugerir uma leitura.

Em primeiro lugar, algo que Freud nunca havia publicado porque morreu antes, mas também algo que Freud não havia publicado porque ele queria morrer antes, queria que só fosse publicado depois, que é “Moisés e o Monoteísmo”, um texto então definitivo, derradeiro, póstumo, e que permite a idéia de fazer um retorno a Freud, começando pela leitura do “Moisés e o Monoteísmo”, e como uma espécie de postulado, já que esse é o último texto, já que foi aquele desovado depois, então agora vamos começar uma leitura a posteriori onde o “Moisés e o Monoteísmo” vai ser a pedra basal de todo um sistema de pensamento que se chegou até lá. Por isso o texto é o último mesmo, mas enfim, o último será o primeiro, e justamente a partir do “Moisés”, com todas as as peculiaridades deste escrito. Depois, para trás, tentar dar os chamados textos sociais ou culturais do Freud. Bom, mas primeiro, algumas considerações, alguns comentários sobre o “Moisés”.  

Em primeiro lugar ele é chamado de novela histórica até pelo próprio autor, portanto, algo que seria da ordem da ficção, algo que aparentemente parece um delírio de um “velhaco” prestes a bater as botas e que talvez ele achava que seria melhor sair de cena antes de publicar, por isso que é publicado pós-morte, ou talvez se poderia pensar justamente a última produção de uma grande obra, de um grande autor, de nada menos que Freud.

Tudo bem, vamos de novo, estava dizendo que o “Moisés e o Monoteísmo” parece apenas uma ficção e, entretanto é a obra derradeira é o ponto de partida para uma releitura e muitas coisas mais. Para começar, e isso é importante, se pensamos que uma novela histórica não tem nada a ver com uma prática analítica, nada mais, nada menos, vamos encontrar no “Moisés e o Monoteísmo” a última formulação de Freud sobre as questões ligadas ao trauma, considerando que no começo da psicanálise a questão teria sido o trauma e ainda num outro grande momento, quase que intermediário, teve a questão sobre o trauma e realidade, e fantasia, realidade psíquica, que acontece na altura do tratamento do Homem dos lobos.

 Bom, então em “Moisés e o Monoteísmo”, quase vinte anos depois, temos a versão última de Freud porque não teve mais, porque encontramos ainda antes de morrer e o Freud continuando a pensar as consequências do trauma para poder, de alguma maneira, sempre escrever sobre fantasia, realidade psíquica ou coisas do gênero; e de alguma maneira resgatar, de alguma maneira poder situar o quadro, apontar pelo menos o Real.

O trauma, conceito freudiano, é um dos nomes do Real lacaniano. Agora a grande questão do “Moisés”, expressa já a partir do título é o monoteísmo, e isto interessa a Freud, nesse momento derradeiro. De que maneira? Freud já tinha se interessado muito pela figura mítica do Moisés, ele tinha passado longos períodos de férias dos verões lá em Roma na frente da estátua do Moisés de Michelângelo e Freud deveria ter associado livremente perante este analista de pedra. Por isso que não parece muito estranho que mais tarde viria a continuar a pensar no Moisés, importante figura histórica, ou trans-histórico. Só que no texto final do Freud, na verdade o que se coloca em jogo como questão última e definitiva da obra, mas também da psicanálise, é a questão do monoteísmo.

E aqui então temos realmente um problema, já que o monoteísmo aponta algo que é cultural, histórico e religioso e não apenas psicanalítico. Pelo contrário, porque na psicanálise temos que levar em consideração o monoteísmo, isso dependeria das confissões religiosas do paciente pelos analistas. Bem, muito mais do que isso, se pode pensar até pela questão teórica, e por outro lado, e ao mesmo tempo, e muito mais do que uma questão apenas teórica ou uma conjectura ou até uma ficção histórica. E ainda então, o arco que nós vamos fazer é pegar a partir do “Moisés e o Monoteísmo” e voltar para trás, voltar para trás a partir do “Moisés” assume outra ficção histórica freudiana que é “Totem e Tabu”.

Bom, mas vamos pela ordem, e a ordem inversamente cronológica, então partimos de “Moisés e o Monoteísmo” de 1938 publicado em 1940. Depois então, como diz o ditado, tem se que ir ao “Mal-estar na cultura”, de 1929 para 1930.

Em 1929 quando Freud escreve “O mal-estar na cultura”, é importante levar em consideração isto colocado hoje, nesta época histórica do mês de outubro de 2008 quando parece que o capitalismo poderia ir “para as cucuias”. Seria interessante saber em que momento de 1929 Freud escreveu “O mal-estar na cultura”, se foi antes ou depois do crack das bolsas de Nova Iorque.

Entretanto, tem uma outra coisa importante que descobri, e descobri aqui uma maneira de estar simplesmente, eu estava relendo um livro que vou recomendar, faz parte da bibliografia desta vídeo-conferência, é um livro que eu tenho em castelhano, e foi publicado aqui no Brasil faz muitos anos e chama “Reich fala de Freud”...

(SP): http://www.estantevirtual.com.br/livro/7100248/Reich_Reich_Parle_de_Freud_.html

Oscar Cesarotto:
É um livro com uma longa entrevista que foi feita com Wilhelm Reich em 1952, pediram para ele contar o relacionamento, a história dele com Freud. Olha que coisa interessante, no mês de dezembro de 1929, numa das reuniões da Sociedade de Psicanálise, sempre, sempre Freud presente, Reich mesmo apresenta um dos textos da época; ele estava nas questões ligadas à psico-higiene, na profilaxia da vida sexual, na prevenção da praga psíquica da infelicidade sexual. Ele apresenta então, um trabalho sobre estas questões e não se precisa saber muito da obra do Reich (como é o meu caso) para saber que uma das preocupações fundamentais reichianas era a questão da energia, uma energia sexual, a libido.

O que Reich deve ter apresentado no finalzinho de 1929, falando do jeito dele sobre a libido, e de alguma maneira ligando a energia sexual como a energia que movimenta não só o psiquismo, como também a vida humana, a vida social fez com que, de imediato, Freud escrevesse em 1930 (que estava virando o ano) um capítulo de um livro que seria mais tarde um dia publicado fora das Obras completas, em 1967, só então, chamado “Woodrow Wilson: Um estudo psicológico”.

Freud escreve este livro a quatro mãos com o embaixador William Bullitt, que será só publicado 30 anos depois. E o capítulo estritamente freudiano desse livro, dá para perceber que muita coisa foi escrita pelo Bullitt, que conhecia bem a história do presidente americano. Agora o capítulo exclusivo de Freud que apresenta para os leigos o fundamento da teoria, para que os leigos até entendessem os raciocínios analíticos do texto.

O capítulo que Freud escreve em 1930 e bem imediato, responde e articula o que Reich teria dito um pouco antes, e faz uma excelente analogia entre a libido (definida como a energia de Eros) e a eletricidade. Apresenta Freud uma metáfora no Complexo de Édipo, como se fosse um circuito elétrico onde os investimentos libidinais em relação à mãe, ao pai, ao narcisismo, são apresentados como acumuladores, bem dentro da analogia e do jargão dos eletricitários. Por isso que ele fala em circuito, circulação, fluxo, resistência, e tantas outras palavras, termos e significantes que sempre se encontram mais tarde em outros discursos - por exemplo, fluxo. Mas resistência, por exemplo, cabe bem dentro da questão elétrica.

Temos aqui um outro texto de Freud que ficou de fora; deve ser lido então em seguida, junto com “O mal-estar na cultura”, continuando e justamente para trás, eu diria que “O futuro de uma ilusão”, que é um texto que Freud escreve em 1927, e que trata da religião.

Aparentemente, na época, também Freud pensou em não publicar, não que pensou em publicar pós-morte, simplesmente ele talvez pensou em não publicar porque estava com medo das reações dos religiosos. Por último, não aconteceu nada. Na entrevista Reich disse que, na época, Freud estava muito preocupado com uma possível reação dos católicos e até do Papa, mas não teve problema nenhum porque justamente, e é aí que está a piada, bem lido “O futuro de uma ilusão”, ou “O porvir de uma ilusão”, dependendo da tradução, quando Freud faz a desconstrução da religião, que ele não diz exatamente qual, ele parece estar analisando a estrutura de todas as religiões, mas no entanto aqui, em particular  que parece estar criticando até é a religião judia, não a cristã ou católica. Talvez por isso que as reações não foram muito complicadas para ele.

Voltando para trás, haveria que ler “A psicologia das massas”, mais um dos textos que costumam ser chamados de sociais, sociológicos ou até culturais, e por um detalhe óbvio, o texto “A psicologia das massas” de 1921, é também um texto absolutamente clínico; fala o tempo todo do ego, do eu e dos ideais, portanto o que tem a ver como social e cultural, o que tem a ver com a singularidade de cada sujeito, a versão singular subjetiva, e  acontece desta experiência clínica.

Um comentário de dois textos que neste percurso de retorno tem que ler também, mas que podem ser deixados, pelo menos por um momento de lado, que seriam “O ego e o id”, (ou) “o eu e o isso”, e antes o “Além do princípio do prazer”. Esses dois textos são de pura metapsicologia e abstração total. Podem ser lidos como metapsicologia pura. Não parecem, entretanto, a ver com questões sociais, culturais, históricas e o que tem de excepcional são sempre imaginações, ficções, enfim, raciocínios mais ideológicos do que outra coisa. A sugestão é deixar por um instante, de lado, ou como dizem os mestre-cucas, os cozinheiros, reservar.

A partir daqui, na realidade temos que fazer uma espécie de cambalhota para este posteriori, estamos indo e já entrando nos domínios que interessam que são justamente os de “Totem e Tabu”. Muitos anos antes, entre 1912 e 1913, e então aqui estaria talvez o primeiro grande texto de Freud extra-clínico, ou pelo menos que aponta para além das suas experiências com os pacientes nos consultórios. Freud ali fala, do que será que ele fala?

Ele tenta construir a partir da imaginação dele, a partir dos dados das ciências humanas disponíveis na época, alguma coisa assim como uma base, como uma trama basal para os conceitos da psicanálise; não os conceitos técnicos, e sim os conceitos da estrutura, a questão da paternidade, a questão do Édipo, a questão da culpa.

“Totem e Tabu” então, altamente especulativo, ou pior ainda, altamente delirante. Lévi-Strauss hoje ainda vivo com sei lá, 100 anos, continua dizendo que Freud era um gênio, mas que em “Totem e Tabu” teria ido longe demais.

Mas justamente longe demais, “Totem e Tabu” levanta uma bola que se estende, faz um arco e poing, vai cair no “Moisés”.  “Moisés” retoma a questão do monoteísmo, muito mais do que retomar a questão do “Moisés”. Já morrendo, Freud não fala de uma estátua e sim do que teria sido a origem, a base, enfim, vai saber o que, do que constitui o ocidente, o que depois mais tarde vai se chamar a moral judaico-cristão, bom, esse tipo de coisa. O que já é resultante, é a culpa, a culpa como o fenômeno clínico, a culpa articulada nas mais diversas modalidades neuróticas, a religião pensada como uma grande neurose, este tipo de raciocínio.

Mas vejamos um pouco mais do que Freud estava escrevendo naquelas épocas, refiro-me ao começo da década de 10. Tudo parecia muito bom para ele na época. Quando eu digo muito bom, é porque por volta de 1910 Freud já tinha discípulos, já tinha o que fazer nas quartas-feiras à noite, porque tinha as reuniões da Sociedade Vienense. Bom, ele escreve sem parar, sempre teria feito isso, antes, durante e depois, e é importante pensar um pouquinho que tipo de coisas ele escreveu.

Após alguns artigos sobre a vida erótica, a degradação generalizada sobre uma especial escolha de objetos e algum outro, o mais interessante é que de um dia para um outro, se é que pode dizer assim, mas um dia aparece “Totem e Tabu” que é um grande coelho numa enorme cartola. O que foi isso? No que Freud estava pensando na época e como ousou escrever este tipo de coisa? Mas vejamos o que ele tinha escrito um pouquinho antes também, 1910/1911.

Primeiro, um trabalho em cima do Leonardo da Vinci, que outros tentam encontrar ali a origem de uma possível aplicação da psicanálise ou de uma maneira de pensar a arte a partir da psicanálise, ou até o artista, a partir de sua produção sintomática.

1910, Leonardo da Vinci; 1911, Schreber; e aqui o toque é não necessariamente para ler Schreber, aqui não precisa ler na sequência, mas sim precisaria ler a última página do caso Schreber. A última página, quer dizer, um pequeno texto final de quase meia página que, se não me engano, está colocado como anexo, algo assim, e onde Freud fala de qualquer coisa que tem a ver com o que escreveu antes do caso Schreber, mas que voa muito alto, voa tão alto que ele usa um exemplo que é uma águia. Por isso que em 1911 termina o caso Schreber com uma águia e 1912 “Totem e Tabu”, evidentemente uma águia é um bichinho totêmico.

Mas as coisas não ficam por aí, eu posso até estar exagerando um pouco as coisas. Onde Freud estava com a cabeça nesta época? E ainda, quais eram os amigos ou os interlocutores de Freud naquele momento? Então nós vamos ter duas coisas ou três bem sabidas e uma conjectura:

Primeira coisa bem sabida: Freud naquela época estava no maior love e também na maior interlocução com Jung. Deu no que deu, e depois retomarei isso. Freud na época estava também no maior diálogo com Ferenczi.  Freud saía as tardes para comprar um cigarro e caminhar pelos bosques de Viena.  Ferenczi falava o tempo todo e fazia a análise dele caminhando. Mas depois Freud tinha o Ferenczi como interlocutor, tanto que algumas idéias de Freud, ou melhor, não sei se são de Freud ou se Ferenczi mencionados.

Eu tenho uma curiosidade que complementa as nossas leituras propostas: acho que nos anos 80, foi encontrado um manuscrito dentro do baú do Ferenczi, por alguém, ou por algum familiar que abriu o baú e encontrou um monte de histórias escritas num rolo de papéis. Pela letra imediatamente se reconheceu como sendo a letra de Freud, coisa que mais tarde foi comprovado pelos chamados calígrafos, e eis que, não mais que de repente, a grande cartola do passado, apareceu com um texto que ninguém conhecia de Freud  chamado “Neurose de transferência, uma síntese”.

Um texto escrito provavelmente em 1912, na esteira de “Totem e Tabu”, texto que não só nunca foi publicado, ficou em manuscrito engavetado, ou pelo menos dentro de um baú. Nem Freud comentou jamais e nem Ferenczi que se saiba.

Eu vou fazer alguns comentários: primeiro que o tal manuscrito ou texto  que foi publicado mais tarde nos anos 80 e já foi estudado por alguns analistas norte-americanos, já conceituados num contexto e considerado plausivelmente de Freud sim, punho e letra, mais ainda pelo conteúdo, uma continuação de algumas idéias de raciocínio de “Totem e Tabu”, só que muito mais louco, muito mais conjectural, muito mais delirante.

Freud chega a falar neste texto sobre as consequências da idade do gelo, por exemplo, que teria havido uma idade glacial, ou coisa do gênero, e Freud estaria muitos anos antes do filme que teve há pouco sobre a era do gelo. Mas enfim, em 1912 Freud pensava no protopai, pai de todos, pensava então no que acontecia na proto-história, escrevia e pensava como um darwinista, um darwiniano desembestado, e não por acaso o texto nunca saiu à luz, nunca veio à luz, nunca saiu do baú.

Há ainda algumas coisas para ainda comentar, porque fizemos toda esta leitura, desde o final para chegar a “Totem e Tabu”, o que acontecia então nesta época, qual é a pista, a importância do monoteísmo, e o que acontecia também em 1912.

 O que acontecia naquela época? Pouco depois de 1912, 1913, 1914, já há uma situação de conflito absoluto com Jung que leva ao desfecho, a separação de ambos e o que isso corresponde em termos teóricos, e Freud escrevendo “Introdução ao Narcisismo”, quase que às pressas, aliás, “às pressas”, quase que “nas coxas”, o texto é muito sintético, mas tão sintético que deixa muitos cabos soltos, mas que serve para responder quase que em tempo real ao Jung. E aí se pode pensar a produção de Freud, durante essa década de 10 a 20, a partir um pouco destes parâmetros.

Começa a década com ele muito louco, muito conjectural, muito trans-histórico. Mas também, por uma série de razões da política da psicanálise, ele precisa começar a escrever, ou melhor, precisa começar a publicar alguns textos e alguns ensaios que são mais “pé no chão”, menos conjecturais, menos “voadores”. E aí então começa a publicar duas séries de textos: por um lado aqueles eminentemente práticos e pragmáticos, os chamados mais tarde de “escritos técnicos”. Mas são aqueles escritos desta década endereçados aos praticantes, já havia alguns quantos analistas em vários países.

Também junto com e ao mesmo tempo na outra série, os textos ditos da metapsicologia que nada têm de pragmáticos ou de utilitários, e sim constituem expressamente algo da ordem da conjectura, da elaboração teórica, da sofisticação epistemológica, mas que justamente não se correlacionam com realidades tangíveis. São mesmo os conceitos.

Só que tanto os conceitos práticos quanto os conceitos abstratos, evidentemente têm no mesmo público, o público interno, os leitores, os únicos que entenderiam esse tipo de coisas, como praticar e como pensar a coisa, a coisa freudiana, só poderiam ser os psicanalistas.

Em outras palavras, “Totem e Tabu” poderia ter sido, a princípio, até pensado para todos os públicos. Não só os psicanalistas, mas depois Rogers se adentra no que é específico, e aí se pode pensar “que bom, né, nada mais nada menos que ele constrói a metapsicologia”. E justamente é este um projeto que ele vai realizando, sem percalços, mas com algumas considerações. A primeira é fundamental, é o que se chama “O vento da história”, a história com H. Em 1914, quando ele briga com Jung e o narcisismo. Tem também a Primeira Grande Guerra, que cria uma comoção absoluta e nos quatro anos de massacres e mortes, algo terrível que muda simplesmente o mundo, ou melhor, muda a Europa no antes e depois, este antes é uma época que acaba a Belle Époque, talvez fosse bela na época que ficou melhor na nostalgia,  porque depois da Primeira Guerra o mundo muda e vem,  veio o que veio, ou pior, ou mais pior.

Em 1915, justamente por ocasião das questões da guerra e da morte, que Freud tem uma parceria que se pode ver como um dueto, com Albert Einstein. Um texto que deve ser lido que é “O por que da guerra?”.

E quando Freud, para além dos escritos técnicos, vai para a metapsicologia, ao mesmo tempo, então, percebemos que dentro do projeto, levado quase até o fim, mas que mesmo assim, enquanto necessidade de levar até o fim um sistema de pensamento, a metapsicologia fica incompleta. Vendo de novo as conjecturas, mas parece que eram para serem talvez dez ensaios ou pequenos artigos. Você sabe que deveria haver mais, você sabe que alguma coisa foi escrita e destruída, ou queimada, e alguma outra, bom, justamente porque não se sabe é tudo plausível em termos de ficção ou imaginação ou até mitologia freudiana. Por exemplo, Freud teria escrito um artigo na metapsicologia dedicada à consciência. Depois queimou, mas deixou constância de que não valia para nada a pena  porque era redundante.

Quando ele já tinha teorizado, ou seja, no fundo, no artigo já ficaria clara a questão da consciência, portanto o artigo era dispensável. Queimou. Eu acho que se ele tivesse mantido esse artigo autológico,  dispensável e supérfluo para os psicanalistas, pelo menos não os teria deixado tão intranqüilos, tão desassossegado, ou como  Damásio, que ainda está querendo saber qual  que é o mistério da consciência.

Freud escreveu, aliás, poderia ter escrito isso que não se sabe, um outro artigo que complementaria um dedicado ao recalque, um outro dedicado ao inconsciente. Ali há uma outra aplicação mais clínica que seria sobre a angústia. Esse, vocês sabem, que não chegou a ser escrito porque, colocado quase para o final, Freud foi mudando a teoria da angústia, e seu movimento que vai um pouco além, isto cristaliza em 1926, quando ele diz sobre sintoma e angústia. Mas vocês vêem uns dez anos antes, no capítulo da metapsicologia, não chega a ser escrito, não precisa ser escrito. Então já chegamos aqui ao “Indiana Jones”.

Aonde está a arca? Aonde está o tesouro? O que é que estamos procurando nesta viagem teórica de leitura trans-histórica?  Deveria ter havido, cadê o artigo na metapsicologia, sobre a sublimação?

Não há. Então, pode ter sido escrito e destruído; pode nunca ter sido escrito, pode ter sido escrito e ainda estar guardado no baú de vai saber quem.

Há uma outra lenda que diz que sim, foi escrito e está arquivado mesmo nos arquivos de Sigmund Freud em Nova Iorque, para só serem mostrados ao mundo, este e talvez alguma outra coisa, só em 2016. Isto é, cem anos depois, mas isto é lenda. Ninguém que eu saiba, pelo menos eu nunca ouvi alguém que me falasse disto com prova.

A questão é que o nosso problema, e aí eu digo nosso porque é dos psicanalistas, e é problema, na medida em que algo que sempre faltará, mas esta falta causa e produz no mínimo prioridade e vontade de pesquisar; e  quem não acha vai ser obrigado a encontrar. E quando não se pode encontrar o que não há, talvez seja necessário passar a ver. Não sei se é isso que fala assim, mas vejamos.

Uma analogia rápida: o seminário que Lacan nunca teria dado sobre os  “Nomes do Pai”, e que mais tarde dá lugar aos “Quatro Conceitos”, que todos nós conhecemos. Deu lugar muitos anos mais tarde ao exercício de conjectura por parte do Miller, que é um livrinho sobre “O seminário inexistente”.

Isto quer dizer que Miller foi capaz de fazer todo um raciocínio teórico, tentando, em função do que nunca houve, quase que mapear os contornos do que falta. É como se no real então nunca houve um seminário de Lacan, só títulos, ou talvez uma primeira reunião, entretanto Miller mais tarde tenta deduzir, abduzir, conjecturar o que teria havido neste seminário. A mesma coisa,  que se pode agora aplicar a questão da sublimação.

Não havendo um texto na metapsicologia sobre a sublimação, então vamos tentar mapear os contornos da falta. Porque não há e o que haveria se tivesse havido? Parece que mais simples de se pensar é que naquelas épocas de guerra nem dava para fazer muita sublimação, e nem escrever sobre.

A outra questão é pensar que o assunto sublimação não está completo ou até está muito espraiado e mais alguns tantos textos de Freud, sempre seria bom juntar tudo para fazer uma teoria da sublimação, sem,  nesta altura do campeonato, deixar de lado Lacan, porque o que organiza o assunto sublimação na obra de Freud é, sem dúvida, a contribuição de Lacan, mais do que qualquer outro autor, particularmente o Seminário 7, mas não só.

Então é isso, haveria que pensar a sublimação como conceito, um texto de Freud que não há, porque nunca houve, e pensar porque estaria faltando e o que seria para ter encontrado lá dentro.

E aí, então só para terminar, eu volto a mencionar a entrevista com Reich, dos artigos de Sigmund Freud, como a queixa, não é nenhuma reclamação histérica, nenhuma posição de vítima.

Reich, muitos anos depois, comentando que ao longo da história dos primeiros anos da psicanálise, particularmente, a história dos primeiros discípulos de Freud, que segundo Reich era bastante pouco erótico, portanto que ao longo dos primeiros anos e ainda mais tarde teria se perdido, ou seja, teria sido recalcada na história da psicanálise, a teoria da libido, que ele mais tarde continuará com todos os desenvolvimentos da energia sexual, o que foi a teoria e a prática dele.   

O interessante no caso, e aqui tivemos o mais importante para terminar, é que o que Freud chamou libido, e mais tarde articulou com thanatos, então definida como energia de Eros, e ainda thanatos. O que Reich chamou justamente energia sexual, que levou ele até os extremos do orgônio, ou coisas do gênero. E tudo aquilo que permeia a metapsicologia, e para se pensar não só a sublimação, senão também, logo o seu contraponto, que é o recalque. Aí não temos um problema, Freud escreveu um artigo falando do  recalque, e aí  saberemos do que se trata.

O que se acrescenta, justamente a partir um ponto de vista para ler e complementar a obra freudiana, é justamente que Freud, por um lado fala do recalque como processo psíquico, ou seja, endopsíquico. Ainda, Freud fala da civilização, e de tudo que custa em termos de alegria de viver e de gozo, de que maneira a civilização formata, de que maneira a cultura castra, de que maneira a sociedade reprime.

Todas estas são grandes questões que estão em Freud apenas esboçados, mas de longe, porque Freud nunca entra nos exemplos históricos de verdade, história com H, tanto história antiga, quanto recente. Reich criticou isso, dizendo que teria sido maneiras de Freud ser diplomático e político, e não entrar em situações complicadas.

 O que nós temos hoje, tantos anos depois, não é esta proposta de leitura este mapa de retorno a Freud, como também esta questão da libido enquanto fundamento da psicanálise colocado muito mais do que os conceitos fundamentais, antes mesmo, junto com para além do que Lacan mais tarde pensou, e como resgate da questão energética que então teria sido inicial em Freud. Teria reaparecido em 1930, assimilando energia sexual, libido com eletricidade, e deixando uma série de caminhos teóricos a serem pensados, não só de maneira abstrata, não só para constituir uma metapsicologia especulativa, e sim a partir de processos históricos e sociais, isto é não só o recalque como interioridade senão a repressão, algo que vem de fora para dentro, que molda a libido humana, e que vem se desdobrar em alguma coisa ainda, vai dar para sublimar. O resto é pura pressão, repressão, supressão.

Já é noite de domingo, chegamos às 19 horas, este é um começo de conversa, se um dia retomamos o diálogo, vamos fazer “pingue-pongues”, eu continuarei um pouquinho mais,  tem mais algo para ser colocado numa outra conferência, talvez o que poderia ser a tentativa um  pouco ousada que é de encontrar bases históricas, ou seja, reais, para tanto “Totem e Tabu”, essas histórias primitivas, como também ver até que ponto o complexo de castração poderia ter base real. Refiro-me ao real lacaniano que por último coincidia com o real freudiano traumático. Obrigado!

Conexão Lacaniana: Obrigada Oscar, vamos agora às perguntas.

Pergunta (SP): Parece que Freud operava em vários níveis de consciência teórica, dos mais ortodoxos aos mais inusitados e ousados. Talvez por influência de seu próprio controle e condução o que temos como cerne do seu legado não seja o que dele mais nos seria proveitoso em este momento da história. A partir desses textos que Você citou e de lacunas que marcam um lugar na teoria - da mesma forma que os elementos na época não conhecidos para Mendeleiev - Você acredita que haveria uma "terceira tópica" possível de ser formulada postumamente?
Oscar Cesarotto: A terceira tópica, mais tarde Lacan fez. Mas uma terceira tópica “freudiana” não cedia a uma questão precedida a lugares, qual é o lugar do inconsciente, o lugar do isso, não estaria recebido a dinâmica como passa de um sistema a outro qualquer carga que se fique, e provavelmente teria mais a ver como ponto de vista econômico.

E então isto apontaria à questão da angústia. Freud escreveu bastante, mas nunca foi escrito, nem pensado, nem explicitado o que seria o avesso da angústia, a alegria, o gozo como satisfação plena, o aquém talvez do prazer, ou aquilo que coincide com algum tipo de prazer, já que o que será mesmo o além, e o que mais tarde Lacan recolhe como jouissance, já como o gozo no sentido sofrimento. Talvez isso seria uma terceira tópica pensada a partir do ponto de vista econômico.

Pergunta (SP): Você acredita que seria frutífera uma leitura lacaniana da obra de Reich?
Oscar Cesarotto: Acabei de ler uma pergunta que se seria frutífera uma leitura lacaniana de Reich. Claro que sim, mas não só porque Reich me desse uma leitura enquanto grande vulto, senão porque quando nesta altura fazemos leituras lacanianas, até mesmo para [risos], isso mesmo, né para ver há quantos andas Lacan perante outros autores, então vale a pena, e não só ele. Mas ele por ser um dos menos lembrados nos últimos tempos.

Pergunta (SC): Considerando que o mito do herói que se sacrifica pelo todo (o social)  está presente nas mais diversas culturas, não se pode inferir que o sujeito sacrifica sua "alegria de viver" e seu gozo pelas conquistas da Humanidade como um todo, pois, desse ponto de vista e em comparação com a "horda primitiva"hoje há mais alimento, mais segurança, mais saúde, menos dor física, mais longevidade, mais facilidade de comunicação e de locomoção etc.?
Oscar Cesarotto: Maria Luiza, agora vou responder a você. O que você colocou sobre a alegria de viver e o sacrifício, tem tudo a ver pelo pequeno detalhe. Numa época muito antiga, não tão antiga como Freud dizia a própria história, e sim uma época talvez histórica, talvez 2.000 anos atrás antes do ocidente cristão. Naquelas épocas ninguém se sacrificava e a alegria de viver se chamava paganismo. Aliás, paganismo se chamava mais tarde e desapareceu, e a alegria também. Naquelas épocas ninguém se sacrificava. No máximo, quem não conseguia evitar era sacrificado. O que aconteceu como tese histórica nos últimos 2.000 anos, é aquilo o que o Freud coloca nas pulsões e seus destinos, que é a volta sobre si mesmo, e a transformação do contrário. As pessoas de fato, a cultura, a civilização na sociedade, tudo ao mesmo tempo, levaram a que se sacrificaram, se sacrificassem, entregassem uma alegria de viver, ou como servidão voluntária, ou senão na “porrada”, em troca de todas essas coisas que você alinhavou, todas corretas, e para atualizar a questão também, todas as sociedades até a sociedade de consumo atual, e o hiperconsumo, etc.  

(SC): Sim, professor, estamos falando de hoje mas eu tento achar um ponto (e aí quero dizer que o mito é da condição humana) para dizer que em nome da "liberdade"(a conjetura de se poder ser feliz) exige sacrifício...

Pergunta (SP):
Será que o povo judeu e nós por tabela, não teríamos desenvolvido nossa cultura sobre neuroses de transferência com figuras míticas como a de Moisés? Esses textos de Freud não conduzem para essa interpretação?

Oscar Cesarotto: Eu acho que sim, porque haveria que até complementar provavelmente quando se fala em moral judaico-cristã, isso de alguma maneira inclui estar superado, mas também está incluso, sim, no sentido hegeliano da superação.  Então, tanto o judaísmo quanto o cristianismo, que o mundo antigo, a começar pela Grécia clássica, e depois pela civilização romana. A somatória de tudo isso, sem dúvida, dá lugar ao que nos constitui como pano de fundo. Esse grande Outro chamado, pode ser imaginário, pode ser que não existe, mas sempre presente para todos nós que é o ocidente cristão. Aí então Freud precediu em ir direto ao assunto; o assunto é peculiar porque, Moisés é justamente alguém que não foi exatamente um profeta, foi alguém do povo eleito, teve alguma coisa lá como manda chuva. Naquela época não mandava chuva, mandava raios e trovoadas, matos ardendo, Moisés subiu numa montanha,  e parecia que o mato estava queimando, e voltou com algumas tabelas escritas.

O mais divertido disto é que se Freud tivesse assistido o filme “História do mundo -  parte I”, do Mel Brooks, onde tem uma cena que Moisés desce da montanha, dizendo “aqui estão” (ele está carregando três tábuas), e aí ele diz: “Aqui estão os dez mandamentos”. Bom, a piada é séria, né, imagina, começou com dez, poderiam ter chegado a vinte.

Agora, isto é uma história mística. O que se poderia dizer é que a única verdade, pode ser escrito, na medida em que se decidem, são dez. As dez constituem no arcabouço simbólico, e por isso que somos humanos, etc e tal.

Acontece que o simbólico é marginalizado, e esta figura, Moisés, Cristo, ou as figuras existentes dos Messias, tem de tudo.  Estava nas ilusões que Freud denunciava como tais.

O importante é não só, e aqui eu vou citar o Freud, senão o Zizek, o  importante é novamente constatar que são ilusões, senão entender qual é a lógica ou o espaço  simbólico, ou seja, para que funciona, por que funciona, para que serve, e depois, pensando um pouco melhor questões freudianas, estas especulativas, não a partir do imaginário, e sim tentando encontrar alguma relação entre o simbólico e o real, e é sempre mais difícil.

Pergunta (SP): Se o Imaginário precisa de imagens e Outros, o Simbólico precisa de 'Manda Chuvas' e tábuas de leis, do então que precisa o Real?
Oscar Cesarotto: Eu só queria terminar com uma resposta que continua o diálogo direto com o Angelino, mas que explica muita coisa e é o que Lévi-Strauss chamou de “A lógica do concreto”. É o que Lacan retoma como real, e é aquilo que as religiões e a cultura tentam dar conta o que é por definição, incontrolável, ou seja, dá na mesma. Agora, os aparelhos ideológicos de estado reprimem e fazem da sublimação uma obrigação. Lamentavelmente, enquanto instituições humanas, são falíveis, e tudo deu no que deu, nos últimos milênios.

Pergunta (SC): Professor, é verdade, mas para um soldado grego, por exemplo, a alegria da Polis devia estar acima da alegria pessoal (o olhar para dentro de si estava menos em questão que o conjunto dos cidadão); essa questão das 1001 formas pessoais de ser feliz) acontece pela primeira vez na História não e nesse sentido somos novatos e estamos tentando, não? Mesmo a classe operária marxista segundo estudos da Fundação Friedrich Ebert, não se via como indivíduo e sim como classe, a felicidade pessoal ainda não estava em questão. 
Oscar Cesarotto: Maria Luiza, você tem razão quando você coloca estas referências bem concretas. O que deve ter sido em momentos históricos o que hoje chamamos de subjetividade.

Mas, a questão para colocar de outra maneira: o mesmo Freud, que bem nos primórdios do século XX, exatos dez anos atrás, escrevia sobre o nervosismo da modernidade, a angústia como preço da civilização, é o mesmo Freud que então mais tarde retomará no “Mal-estar na cultura”. Este texto acabou sendo intitulado assim, mas  o título original era “O descontentamento do homem na civilização”. E por isso que, apesar de que as referências e as conjecturas sejam trans-históricas, Sigmund Freud está falando sempre num momento muito atual. Hoje, a alegria de viver, ela inexiste, imagina o que era na época, hoje estaríamos falando ainda mais, porque o que se tem no lugar é a depressão, como praga globalizada.

Conexão Lacaniana: Creio que podemos encerrar, gostaríamos de agradecer sua ótima conferência.
Oscar Cesarotto: Muito bem. Não quero me estender mais, vou agradecer a oportunidade, espero que tenha dado certo. Eu, pelo menos, gostei bastante, mas é tudo muito estranho...

Conexão Lacaniana: Obrigada, Cesarotto, em nome da Conexão, a gente agradece novamente, e realmente sua conferência foi muito importante, enfim, obrigada. Boa noite a todos!  Agradecemos também a presença de todos alunos que puderam nos honrar hoje também.

Oscar Cesarotto:
Obrigado, obrigado. Até logo, até a próxima!

(Vários agradecimentos)


Núcleo Márcio Peter de Ensino - Conexão Lacaniana
Curso OnLine "Psicanálise e Cultura - Freud e Lacan"
Conferência 19/10/08 | Moderação: Rosana Meiches

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